Nobel para Herta Mueller
A escritora Herta Mueller, nascida na Roménia, foi hoje galardoada com o prémio Nobel da Literatura. O júri destacou-a a no seu trabalho a «densidade da poesia e a franqueza da prosa», que descreve a paisagem dos desapossados. Herta Müller é a 12ª mulher a conquistar o prémio.
BIOGRAFIA:
Herta Müller, uma mulher marcada por uma vida sob a ditadura.
A escritora alemã Herta Müller, vencedora do Prêmio Nobel de Literatura de 2009, nasceu na Romênia como parte da minoria de língua germânica no país, onde viveu até os 34 anos e sofreu a censura do regime comunista.
Ela baseou-se nesta experiência para contar nos seus livros a vida cotidiana em uma "ditadura petrificada", nas palavras da Academia Sueca.
Autora de romances, contos, ensaio e poesia, a escritora, de 56 anos, goza de grande notoriedade entre os escritores de língua alemã e na elite intelectual do seu país natal.
A qualidade de sua escrita e a coragem das suas metáforas já renderam vários prémios literários, incluindo o Kleist, uma das maiores recompensas alemãs, em 1994, e o Prémio Würth de literatura europeia em 2006.
"Na cidade em que cresci, não havia romenos. Aprendi o romeno no colégio como se fosse uma língua estrangeira", explicou uma vez a escritora.
Nascida em 17 de agosto de 1953 em Nitchidorf, perto de Timisoara, numa região de tradição de língua germânica, Banat, Herta Müller é neta de um agricultor e comerciante acomodado que perdeu as propriedades com o comunismo. A sua mãe foi deportada para um campo de trabalho da União Soviética depois da Segunda Guerra Mundial. Oseu pai foi membro das Waffen SS (corpo militar das SS) durante a guerra.
Entre 1973 e 1976, estudou alemão e literatura romena na Universidade de Timisoara. Ao fim dos estudos, integrou uma associação de escritores de língua germânica, o "Aktionsgruppe Banat" (grupo de acção de Banat) e trabalhou como tradutora numa fábrica.
Em 1979 perdeu o emprego de tradutora por se ter recusado a colaborar com a Secumritate, a polícia política do regime comunista, que nunca deixou de perseguir a escritora.
Depois de ser demitida, passou a dar aulas particulares de alemão e a dedicar-se à literatura.
Em 1987 exilou-se na Alemanha Ocidental. Actualmente mora em Berlim.
Pouco conhecida do grande público até o início dos anos 2000, Herta Müller foi descoberta pela crítica alemã em 1984, com a publicação do livro de contos "Niederungen" ("Em Terras Baixas"), que saiu clandestinamente da Romênia.
Entre suas obras se destacam "Der Mensch ist ein großer Fasan auf der Welt" ("O Homem é um grande faisão no mundo") e "Der Fuchs war damals schon der Jäger", nas quais descreve a vida cotidiana em um Estado totalitário.
Em "Herztier" pinta o mundo dos dissidentes romenos. Em "Heute wär ich mir lieber nicht begegnet" mostra a angústia de uma mulher convocada pela polícia política de Ceaucescu.
O seu último romance, "Atemschaukel", que trata do exílio dos alemães da Roménia para a URSS em 1945, foi aclamado pela crítica alemã.
Herta Müller gosta de recortar palavras nos jornais e revistas. Ela classifica-as, para depois utilizar ou deixar que envelheçam num canto de seu escritório, já que considera as mesmas uma metáfora da vida.
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